Saúde materna

Todos os dias, morrem em média 830 mulheres em decorrência de complicações relacionadas à gravidez, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU). A maioria dessas mortes é evitável.

Em mais de 20 países, a organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) foca na redução das taxas de mortalidade materna e infantil.

Isto é feito por meio da oferta de assistência durante a gravidez, consultas de pré-natal, cuidados obstétricos emergenciais, tratamento pós-natal, cuidar de mães e bebês HIV positivos, acesso a métodos de contracepção e serviços de planejamento familiar.

1.

Acesso à saúde

As patologias que normalmente matam as mulheres durante gestações, partos ou logo depois de darem à luz são as mesmas no mundo inteiro. A diferença está no acesso a cuidados de saúde de qualidade. A grande maioria (99%) das mortes maternas ocorre em países em desenvolvimento. Mais da metade dessas mortes acontece na África subsaariana e um terço no sul da Ásia. Em países mais ricos, a disponibilidade de tratamentos efetivos e financeiramente acessíveis previnem as condições que continuam matando mulheres em regiões em desenvolvimento.

Da mesma forma, as fístulas obstétricas – uma condição que afeta mulheres que passam por longos períodos de obstrução durante o parto – foram erradicadas nos países mais desenvolvidos no fim do século 19, quando as cesarianas se tornaram amplamente disponíveis. Contudo, em áreas pobres e afetadas por conflitos, as mulheres não têm acesso a serviços obstétricos emergenciais e continuam sofrendo com períodos prolongados de obstrução durante o trabalho de parto, o que faz com que as fístulas ocorram. MSF oferece tratamento para fístulas em países onde os serviços obstétricos são ausentes, inadequados ou carentes de reforço. 

2.

Partos

A porcentagem de partos assistidos por equipes médicas qualificadas é de 61% no mundo inteiro, mas isso cai para 34% em relação a países em desenvolvimento. Na Somália e na Etiópia, apenas 23% dos partos contam com equipes qualificadas; no Haiti, a porcentagem é de 5,6%. Sem cuidados médicos, as gestantes têm chances muito maiores de morrerem por hemorragia, obstrução durante o trabalho de parto, eclampsia, consequências de malária ou outras condições.

Em muitos países e por diversas razões, as mulheres dão à luz em casa. Na verdade, somente 40% dos partos no mundo acontecem em instalações médicas. Nos países onde os partos caseiros são mais comuns, a taxa de mortalidade materna é mais alta.

Como muitas vezes MSF é a única provedora de cuidados de saúde em uma região, as mulheres frequentemente precisam viajar longas distâncias para chegar até nós. Muitas vezes, elas não iniciam a viagem antes que alguma complicação já tenha se desenvolvido. Em Ituri, no leste da República Democrática do Congo, por exemplo, mais de um terço dos 200 partos que acontecem todo mês na ala de maternidade do hospital Bon Marché apresentam complicações como hemorragia ou eclampsia.

Em muitos países onde MSF trabalha, suas equipes oferecem cuidados durante a gravidez e consultas de pré-natal, além de serviços de emergência obstétrica e assistência pós-natal. MSF também auxilia mulheres grávidas a encontrarem hospitais próximos, de modo que já saibam para onde ir quando o trabalho de parto começar.

3.

Mortalidade

As principais causas de mortalidade materna são hemorragias, sepses, eclampsia, abortos inseguros e obstrução durante o trabalho de parto.

As hemorragias, ou sangramentos intensos, são responsáveis por um quarto das mortes maternas. Uma mulher, mesmo saudável, que apresenta hemorragia logo depois de dar à luz pode morrer em duas horas, especialmente se não receber cuidados obstétricos. A injeção de oxitocina imediatamente após o parto efetivamente reduz o risco de hemorragia.

A sepse, infecção sistêmica, é a outra causa principal de morte pós-parto. Uma em cada 20 mulheres em trabalho de parto desenvolve infecções que requerem tratamento com antibióticos para evitar possíveis fatalidades.

A eclampsia é a terceira causa mais comum de mortes maternas no mundo. O problema é relacionado à hipertensão e se caracteriza pela ocorrência de convulsões que podem levar ao coma e à morte. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), ocorrem aproximadamente 70 mil casos de eclampsia por ano nos 143 países menos desenvolvidos do mundo. Convulsões causadas por eclampsia podem ser prevenidas durante o pré-natal, e tratadas com o uso de sulfato de magnésio.

Aborto inseguro é o termo usado para a interrupção de uma gravidez por pessoas sem as competências necessárias, em um ambiente que não está em conformidade com os padrões médicos mínimos, ou os dois. Uma mulher morre a cada seis minutos em decorrência de abortos inseguros. Entre as que sobrevivem, muitas sofrem sérias consequências, como infertilidade ou complicações em futuras gestações. Cuidados de saúde sexual e reprodutiva abrangentes podem reduzir consideravelmente o número de abortos inseguros, oferecendo alternativas mais seguras, como planejamento familiar, e identificando e tratando complicações desde o início da gravidez.

A obstrução durante o parto também é uma das principais causas de morte e de doenças, especialmente na África subsaariana e no sudeste da Ásia. Esse problema pode ser controlado se identificado em estágio inicial, por meio do acompanhamento da mulher em trabalho de parto e da intervenção médica no momento apropriado.

4.

Pós-natal

A maioria das mortes e morbidades maternas acontece logo depois do parto. Esse período também é perigoso para os bebês: 30% das mortes infantis acontecem durante as quatro primeiras semanas de vida e a maioria delas nos primeiros dias logo depois do parto. A assistência pós-natal é muito importante para garantir o bem-estar físico e mental, tanto das mães como das crianças.

5.

Atividades MSF

MSF trabalha para remediar os “três atrasos” em cuidados obstétricos que muitas vezes são decisivos para salvar a vida tanto da mãe como do bebê. Esses atrasos são: a demora em decidir procurar assistência; a demora em chegar a um centro de saúde e a demora em receber tratamento adequado já no centro de saúde. MSF lançou clínicas móveis que viajam até áreas onde as pessoas normalmente não têm acesso a cuidados de saúde, aliado a sistemas de encaminhamento para identificar, gravidezes de alto risco, possíveis complicações em mulheres grávidas e transferi-las, quando necessário, a postos de saúde ou hospitais onde possam receber os cuidados apropriados. 

Além de garantir acesso a assistência de qualidade em tempo oportuno, MSF também trabalha para reduzir taxas de mortalidade materna e infantil por meio da prestação de cuidados obstétricos, além da assistência pré-natal, pós-natal e durante a gravidez. 

Cuidados obstétricos emergenciais oferecidos por profissionais qualificados, capazes de lidar com partos complicados, podem ser questão de vida ou morte para mulheres que passam por complicações durante o parto ou logo depois dele. Um dos desafios de MSF é encorajar nossas pacientes a fazerem uso dos serviços obstétricos emergenciais. Isso requer a localização de serviços próximos às pessoas que precisam deles, adaptando-os à cultural local e oferecendo-os gratuitamente, uma vez que os nossos pacientes muitas vezes fazem parte dos grupos mais pobres da população, não podendo arcar com gastos em cuidados de saúde. 

Cuidados durante a gravidez e consultas de pré-natal melhoram a saúde das mães nesse período e estimulam o desenvolvimento do feto. Dessa forma, o número de natimortos pode ser reduzido. 

O Afeganistão é um dos países do mundo onde é mais perigoso dar à luz. De todos os partos assistidos por MSF no mundo, um quarto acontece no país. Em 2016, foram 66 mil partos auxiliados por MSF no Afeganistão.

Em 2016, MSF auxiliou em 250.300 partos, incluindo cesarianas.


Página atualizada em fevereiro de 2018. 

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