Doença de Chagas

A doença de Chagas é endêmica em 21 países do continente americano e estima-se que mais de 90% dos infectados desconhecem esta situação por falta de oportunidade de diagnóstico. Devido à globalização passou a ser uma doença presente na Europa e na Ásia.

No Brasil, estima-se que existam hoje de 1,9 e 4,6 milhões de pessoas afetadas pela doença, das quais 60% vivem em áreas urbanas, provocando impactos sociais, previdenciários e assistenciais. Trata-se de gerações de pessoas vivendo com Chagas, a maioria na invisibilidade por não ter sido sequer diagnosticada e, portanto, alheia às possibilidades de tratamentos existentes.

Estima-se que no país morram anualmente 6 mil pessoas devido às complicações crônicas da doença. No entanto, pela falta de conhecimento da doença e pelas poucas unidades de saúde a diagnosticar ou notificá-la, é possível que exista um grande número de casos sem registro.

Apoie aqui a campanha pelo dianóstico e tratamento da Doença de Chagas.

1.

Definição

A doença de Chagas (DC), também conhecida como Tripanossomíase Americana, é uma doença parasitaria negligenciada, que apesar de não ser tão conhecida como a malária e a cólera, afeta cerca de 8 milhões de pessoas, matando mais de 12.500 por ano.

Para romper com o ciclo de negligência que envolve a doença de Chagas, é fundamental educar as pessoas sobre os fatores de risco de infecção, contar com protocolos de manejo clínico atualizados, profissionais de saúde treinados e a disponibilidade de insumos para a oferta de diagnóstico e tratamento para responder a este problema de saúde pública que representa um grande impacto socioeconômico nos países da América Latina.

Os avanços do conhecimento sobre a doença de Chagas nas últimas décadas contribuíram para o consenso entre especialistas sobre a necessidade de diagnosticar e tratar os infectados pelo Trypanosoma cruzi em todas as fases (aguda e crônica) na atenção primária de saúde. Este fato foi corroborado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2010 com a publicação da resolução Chagas da Assembleia Mundial de Saúde (WHA 63.20), que marca o compromisso dos Estados-membros em oferecer diagnóstico e tratamento específico para os infectados na atenção primária de saúde.

Os milhões de pessoas infectadas e negligenciadas no mundo exigem que os conhecimentos atuais sobre a doença sejam traduzidos em políticas públicas efetivas e inclusivas como resposta a esse problema secular.

2.

Causa

A Doença de Chagas é causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, que parasita o sangue e os tecidos de pessoas e animais.

3.

Transmissão

O Trypanosoma cruzi é transmitido pelo contato com as fezes dos insetos vetores, conhecidos popularmente no Brasil como “barbeiros” (insetos das espécies Triatoma infestansRhodnius prolixus Panstrongylus megistus, dentre mais de 300 espécies que podem transmitir o Trypanosoma cruzi). Também existem outras formas de transmissão, como a transmissão oral, pela ingestão de alimentos contaminados com os parasitas; a transmissão de mãe para filho ou forma congênita; por transfusões de sangue e transplante de órgãos; e por acidentes de laboratório.

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Sintomas

Os sintomas são variados dependendo das duas fases da doença: na fase aguda (que começa logo nos primeiros três meses após a infecção) a maioria dos casos não apresenta sintomas, o que dificulta o diagnóstico oportuno e o tratamento precoce. Na fase crônica podem se manifestar complicações cardíacas ou digestivas que surgem depois de muitos anos, afetando o coração, causando arritmias e outros transtornos, além de afetar o sistema digestivo, causando dilatação do esôfago (que se manifesta com dificuldades para deglutir os alimentos) e do cólon (que se manifesta por constipação). Outros sintomas na fase crônica podem incluir: desmaios, palpitações, dores no peito, inchaço dos membros inferiores e dores abdominais.

5.

Tratamento

O tratamento específico pode ser realizado com benznidazol, (medicamento de primeira escolha) ou nifurtimox (que não está disponível no Brasil) e tem uma duração média de 60 dias. Quanto mais cedo for feito o tratamento, maiores são as chances de cura da pessoa infectada. Uma pessoa infectada que seja diagnostica na fase aguda e receba o tratamento adequado tem aproximadamente 100% de chance de cura.

6.

Diagnóstico

diagnóstico na fase aguda está caracterizado pela visualização do parasita no exame direto de sangue ao microscópio (provas parasitológicas diretas). O diagnóstico na fase crônica é feito usando sorologia para detectar a presença de anticorpos (IgG anti-T.cruzi) como resposta do sistema imune contra a infecção. Para determinar se o paciente está infectado com o parasita, as equipes de saúde precisam fazer de dois a três exames de sangue, motivo pelo qual MSF tem pressionado pelo desenvolvimento de novos testes rápidos para simplificar o diagnóstico da doença e que possibilitem ampliar o acesso ao diagnóstico na atenção primária de saúde.

7.

Atividades

Médicos Sem Fronteiras (MSF) desenvolve projetos de atenção a pacientes com a doença de Chagas desde 1999, tendo atuado em diversos países da América Latina, como Honduras, Nicarágua, Guatemala, Brasil, Colômbia, Paraguai e, atualmente, México e Bolívia. A organização desenvolveu atividades também em países considerados não endêmicos, como o projeto na Itália para oferecer atenção médica a imigrantes infectados. Nesses mais de 16 anos de atividades médicas em Chagas, MSF deu oportunidade de diagnóstico a 114.145 mil pessoas; desse total 11.106 apresentaram a infecção, e 8.206 delas completaram o tratamento satisfatoriamente.

Em 2016, MSF tratou 445 pessoas para a doença de Chagas.

Esta página foi atualizada em janeiro de 2018.

 

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