Só mesmo o trabalho em equipe

Niangara, 18 de abril de 2013

No último domingo, experimentei uma das cenas mais surreais da minha vida. Eram cerca de 17 horas quando estávamos todos sentados jogando conversa fora, cansados depois de uma semana dura de trabalho, quando começou uma chuva superforte.
Ouvimos, pelo rádio, a maternidade chamando por ajuda porque o telhado tinha caído. Não entendemos direito e fomos até lá para ver – o hospital fica a cinco minutos de caminhada do convento onde moramos. Ao chegar lá, ficamos sem palavras diante da cena que vimos: todo o telhado da maternidade tinha sido levado pelo vento e estava jogado no chão, ao lado do centro cirúrgico – tenho fotos para comprovar. O mais impressionante foi que ninguém se machucou, nenhum arranhão com os destroços do telhado e, felizmente, nenhuma paciente entrou em trabalho de parto.

Ao vermos isso, começamos a operação de mover a maternidade para a enfermaria de pediatria, que ainda tinha leitos livres e onde pudemos criar um espaço para a sala de parto. Todos ajudaram, inclusive o chefão médico e, apesar de não existir telefone em Niangara, logo a equipe nacional, que não estava de plantão, ficou sabendo da tragédia e veio ajudar. Em menos de duas horas já tínhamos uma “nova maternidade”, com suas mamães e bebês a salvo, e uma sala de parto funcional.
Na segunda-feira, a equipe de logística começou a trabalhar cedo e avaliou que o telhado da maternidade que caiu sobre o centro cirúrgico havia causado certos estragos que deveriam ser reparados. Novamente, outra demonstração de trabalho em equipe: a mesa cirúrgica foi transportada para a sala de observação dentro do pronto-socorro e tentamos deixar uma sala cirúrgica improvisada em caso de urgência.

Felizmente, nosso centro cirúrgico improvisado ficou pronto a tempo de atendermos uma cesárea de urgência. Novamente, a equipe de logística trabalhou de forma impressionante e, na 4ª feira à tarde, o centro cirúrgico já estava reparado e pronto para uso.

Quanto à maternidade, vai levar um pouco mais de tempo para terminar o trabalho, porque será preciso reconstruir o teto. Mas foi uma experiência maravilhosa apreciar o trabalho em equipe e poder vivenciar o milagre de ver que, apesar do grande estrago, ninguém sofreu sequer um arranhão.

Pois é, esse foi um bom começo para mim como responsável pelo hospital e pela equipe médica…

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