Grandes desafios para MSF em 2013

Parte 8 – Moçambique, 18 de janeiro de 2013

Feliz ano novo, pessoal!

Por aqui, mais uma passagem de ano em projeto, longe dos familiares, dos antigos amigos… Vem aquela dor da saudade e o questionamento sobre os objetivos da vida. Mas, no final, a decisão é a de seguir em frente e continuar a luta pela garantia dos direitos humanos a todas as pessoas; mais especificamente, o acesso à saúde.

Passou o Natal, o ano novo e os centros continuaram como se nada estivesse acontecendo. Lotados de pacientes, as mesmas problemáticas.

Semana passada aconteceu um encontro muito importante para a análise dos serviços prestados nas unidades sanitárias: o Comitê Provincial, no qual todos os diretores distritais da cidade aprensentaram os dados de cada unidade sanitária pelas quais são responsáveis. Estavam presentes cerca de 80 pessoas entre profissionais de saúde, gestores e parceiros, como MSF. Em plenos dias 27 e 28 de dezembro, a sala estava lotada.

As apresentações não foram tão boas, pois faltaram alguns dados e também análises mais estratégicas por parte dos diretores, mas, no geral, foi muito interessante estarmos todos juntos para percebermos a situação atual do serviço de saúde nas unidades sanitárias.

Os assuntos foram muitos: falamos sobre a implementação do serviço de prevenção e controle de Hepatite B para grávidas HIV positivo, que ainda não existe por aqui, sobre a introdução de testes de carga viral para HIV+, que também ainda não existem por aqui, e sobre descentralizar o serviço de tratamento de segundas linhas e aumentar o número de inícios do tratamento antirretroviral (TARV).

Em Maputo, a prevalência de infecção por HIV está em 16,8%. A cobertura do país para tratamento antirretroviral (TARV) é de 51% para os adultos e 21% para as crianças. A meta atual é atingir 80% de cobertura em Moçambique, tanto para adultos quanto para crianças, até 2015. Para isso, muito trabalho há de ser feito, incluindo até mesmo a legalização de profissionais de níveis mais básicos para que possam realizar consultas e inícios de tratamento, pois a falta de profissionais é um dos obstáculos mais difíceis de serem vencidos.

Há muitos planos que parecem simples de serem implementados, mas, na verdade, ainda falta muito para tudo isso acontecer. As dificuldades básicas vão da melhoria do acesso à educação e qualificação de pessoal até a regularização de novas profissões. Além disso, há a necessidade de financiamento para execução das atividades planejadas e de manutenção básica, como transportes, equipamentos de laboratório e até a troca de uma lâmpada.

Em nossa rotina de trabalho existem ainda outros obstáculos, como, por exemplo, rupturas no fornecimento de medicamentos na farmácia e de reagentes no laboratório, ou seja, faltam medicamentos essenciais nas unidades sanitárias e algumas vezes chega a faltar tuberculostáticos e antirretrovirais. Faltam, também, exames muito importantes para o monitoramento dos pacientes, como a contagem de células CD4, que controlam a resposta imunológica contra infecções, e, às vezes, até exames muito básicos, como o hemograma.

Nosso papel como parceiro do Ministério da Saúde de Moçambique é reduzir a mortalidade por HIV por meio da melhoria dos serviços já existentes. Por isso, nós suprimos as rupturas com nosso estoque de emergência, até que o fluxo nacional seja re-estabelecido.
 
Ainda temos muito trabalho para 2013. Este será um ano de trabalho duro e muitos desafios. As metas são ambiciosas e queremos ao máximo atingi-las, pois o objetivo de todos é fazer com que os pacientes tenham acesso à testagem de HIV, tratamento adequado e consultas de qualidade, diminuindo cada vez mais o número de mortes no país.

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